Trata-se de um artigo excepcional com o qual me identifico completamente, numa tema que já abordei diversas vezes neste blog. Não vai adiantar muito porque eles continuam por aí, nessa tarefa de tentar projectar para os filhos aquilo que nunca conseguiram ser nos seus tempos de juventude.
Decorreu hoje, nas Caldas, mais um torneio do Plano Nacional de Detecção de Talentos (PNDT). Tive curiosidade de ir ver e fiquei chocado! Se não forem tomadas medidas para procurar enquadrar e "formar desportivamente" os pais, arriscamo-nos a transformar o PNDT em PNMT (Plano Nacional para Matar Talentos). Vi de tudo, desde uma mãe a insultar o filho depois deste ser derrotado, chamando-lhe "burro" por ter perdido, pais a pressionar o juíz-árbitro porque o responsável pelo campo não chamou uma bola fora (mesmo a ser verdade, é uma boa forma de ensinar as crianças a respeitar o árbitro e os seus erros!), pais a falarem constantemente para dentro do campo, pressionando o seu filho e o adversário e, até mesmo, pais a insultarem-se mutuamente, com ameaças à mistura. Tudo isto perante o olhar atento das crianças! Logicamente que nem todos os pais têm estes comportamentos, mas parece-me que o ambiente vivido não é aquele que se deseja para uma prova com crianças, que se deviam estar a divertir com o ténis, através de uma competição com carácter essencialmente lúdico. O ênfase dado à vitória está acima de quaisquer preocupações pedagógicas ou de formação e, assim, estamos a desvirtuar todo o conceito para o qual foi criado o PNDT. Muitos países terminaram com estas competições precoces devido a estes problemas e por defenderem que existem mais desvantagens do que vantagens em começar a competir tão cedo. Não penso que o PNDT deva terminar, pelo contrário, mas acho que deve ter um papel formativo perante os pais e deve estar melhor regulamentado. Coisas simples poderiam ajudar. Por exemplo, em França, a FFT criou brochuras para entregar a cada pai com as regras, cuidados e comportamentos proibidos e entrega aos clubes cartazes com as regras, para afixar em locais visíveis. O rigor dos responsáveis (árbitros, juíz-arbitro, director do torneio, etc) no sancionamento dos comportamentos proibidos, penalizando os próprios jovens quando o comportamento dos pais for contra as regras, também seria importante para responsabilizar.
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