Frederico Gil, o maior tenista português de todos os tempos, perdeu hoje no Australia Open. Mas perdeu só um jogo. Não perdeu a cabeça. A notícia foi dada mais rapidamente, do que o costume, na Comunicação Social, e alguns adeptos aproveitaram logo para fazer profecias. É perigoso fazer profecias, principalmente quando se referem ao futuro. Numa pessoa, o presente já não tem futuro, quando se está amputada do passado.
Ora, Gil, tem um passado riquíssimo, melhor de qualquer outro tenista português. Foram os sucessos e as vitórias que o levaram a atingir o patamar do Nº 68 mundial. Além disso, Frederico Gil é português, o que segundo Fernando Pessoa, é ser um indivíduo imprevisível. Acrescento eu, porque é um indivíduo que procede e age segundo as suas convicções.
Conhecer o passado de Frederico como tenista, é ter lições sobre ténis e de vida. Toda ela, dedicada ao treino do ténis e aos jogos. Dormiu dentro de automóveis, ou sem conforto, para poder estar presente em torneios ITF, passou dificuldades e abdicou de alguns prazeres de adolescência em nome do objectivo traçado. A prática de todos os desportos dependem dos resultados,mas nos individuais, o fracasso recai sempre sobre uma única pessoa. No desporto colectivo, ele é repartido sobre todos os intervenientes.
Eu sou praticamente o único leitor deste blogue. A história demonstra que os povos que destruíram as suas elites, os seus desportistas, por diversos processos, destruíram-se a si próprios, pelo menos temporalmente. A história dos atletas de alta competição são fenómenos descontínuos, está acima de saltos qualitativos bruscos, e o desafio consiste em encontrar os meios para reconstituir os equilíbrios e reestabelecer a normalidade.
Gostava de escrever de modo eloquente, mas não sei. Mas, neste momento de grande desgosto, amargura e tristeza para ti, Frederico Gil, quero dizer-te que continues na tua estrada limitada pelas bermas do Tempo e do Espaço.
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