Como disse anteriormente, não há patrocínios em Portugal. Existem algumas ajudas, umas de maior dimensão que outras. Na actual situação social e económica do nosso país, nem as empresas fabricantes de artigos para o ténis arriscam alguma coisa. Pela verdade, deve-se dizer que a maior parte das vezes foram e são os tutores dos atletas os principais culpados. Cometeram erros graves e excessivos, não corresponderam às expectativas e à palavra dada, e estas falhas de alguns são pagas por todos.
Por outro lado, as potenciais empresas passíveis de conceder apoios ou patrocínios, não sendo da área desportiva, tem departamentos de marketing e publicidade muito desfalcados de pessoas conhecedoras da realidade específica de cada modalidade. Objectivamente, são curiosos e não profissionais, ou profissionais pouco curiosos que estão à frente destes departamentos. Em geral, quando a empresa necessita de ser publicitada recorre às agências de publicidade, núcleos de pessoal muito criativo que trabalha de noite e dorme de dia, mas sem qualquer noção de conduzir um cliente ao patrocínio de um atleta. É sempre melhor fazer filmes em cenários longínquos e paradisíacos, porque rende mais à agência. Enfim, não quero seguir por aqui.
Pessoalmente, sempre me impressionou, saber porque é que empresas com importância e estatuto, preferem gastar milhares de euros, em segundos na TV com anúncios de rebuçados, pastas dentífricas ou similares. Nestas empresas não existe fiscalização para determinar a hipotética rentabilidade de investimentos nulos? Não sei. Mas pode-se fazer alguma coisa? Pode-se.
Desde já, por parte dos atletas que devem cuidar da sua imagem, reunindo de forma organizada o currículo sempre actualizado, fotos, resultados, entrevistas concedidas, apontamentos sobre os treinos e outros elementos que possam contribuir para o atleta ter um "book". Exactamente como as modelos da moda ou os actores de cinema e teatro. Não é necessário entregar este aspecto a ninguém, é preciso gostar de si próprio. Este "book" é a nossa biografia como atleta e qualquer pessoa exterior pode estudar se há ainda um percurso a fazer, ou o atleta estacionou ou regrediu. Acontece que a maior parte dos jogadores, acha que é um talento enorme, que não precisa destas coisas e que os patrocinadores é que são uns ingratos.
Dos patrocinadores vindos das empresas, nem quero escrever. Daria para mais de mil crónicas e gastava o meu latim. Os grandes gurus da economia, jovens talentos que foram recrutados nas melhores e maiores universidades do planeta, puseram o mundo à beira da falência total e numa grave recessão mundial. Acautelaram o seu prestígio, comprando a imprensa e usando a publicidade em doses brutais, para repetirem muitas vezes, que a crise já passou. Mas, não passou. Não é derrotismo, é a verdade. Mas o que é a verdade?
Resta dizer que à falta de patrocínios, surgiu o "paitrocínio" e por aqui devemos ficar muitos anos. Este assunto é transversal às federações, aos clubes e aos atletas. Ninguém resolve. Todos esperam o euromilhões. Francamente, eu também. Alguns atletas com maior visibilidade, vão conseguindo material novo, uns mais que outros, conforme dêem mais garantias ao fabricante. Alguns vão conseguindo que empresas como a Babolat, a Wilson ou a Head, entre outras, consigam uns "wild cards" (convites) para torneios, porque os rankings não permitem o acesso directo.
Um meu amigo tem um filho, o Raul, que ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Matemática aos 13 anos, concorrendo com jovens talentos de todo o mundo. Na escola, em Sintra, o professor de Matemática dava-lhe nota 3. Lol . Neste momento, o Raul tem 16 anos, vai viajar dentro de dias para o Paraguai, representar Portugal nos Jogos Ibero-Americanos. Além de ser um génio da matemática, o Raul tem um carácter e personalidade de grande humildade perante os outros. Alguma empresa nacional acompanha estas situações? Não é preciso. Lá fora já apostaram nele. E apostaram forte.
Sem comentários:
Enviar um comentário