(in Tenis Show, Cláudia Coutinho, jornalista desportiva)
Há cerca de um mês estreei como mãe de tenista durante a realização da primeira etapa do Circuito S.C.A. de Ténis Gaúcho. Que sufoco! Não me lembro ter repirado durante as trocas de bola. Acho que até nem me mexi. Logo eu, que há 27 anos estou acostumada a ficar do lado do court (e outras tantas vezes em frente à televisão), com o meu bloquinho e uma caneta, fazendo marcações de pontos, anotando momentos cruciais da partida, entrevistas, reportagens. Finais da Copa Gerdau, torneios estaduais e nacionais, jogos ATP, a vitória de Jaime Oncins sobre Michael Chang na Olimpíada de Barcelona, a semifinal em Atlanta que Meligeni perdeu para Sergio Bruguera, Copa Davis. Mas nada disso se compara a assistir ao filho estreando num torneio oficial, na categoria de 10 anos.
O desejo era que tudo desse certo. Que ele entrasse no court com vontade de ganhar, superasse a ansiedade, como jogar pela primeira vez no court número 1 do clube, com pessoas estranhas observando ; não baixasse a cabeça nos momentos difíceis do encontro ; conquistasse pontos ; procurasse fazer o seu melhor ; e, acima de tudo, jogasse o jogo com a mesma alegria com que salta da cama mais cedo mais do que nos outros dias só porque às terças e quintas tem aula de ténis pela manhã. Basta chamar uma vez.
Nem tudo correu exactamente como o desejado. Mas valeu a experiência, para mim e para o Thiago. Ele perdeu o jogo, mas ganhou um carinhoso abraço de seus pais e a vontade de voltar aos courts. E eu reforcei a certeza que conquistei em anos de jornalismo desportivo : o Desporto é uma das formas mais saudáveis e ricas da Educação. Não importa se em projectos sociais, se em escolas de iniciação, se no patamar de tão selectivo alto rendimento, o Desporto permite evidenciar e consolidar valores fundamentais à formação dos cidadãos.
Por isso, reverencio todas as estruturas construídas para ensinar o ténis e outros desportos. Entendo por ensinar não somente transmitir um conjunto de fundamentos e habilidades técnicas, mas todos esses valores intrínsecos ao Desporto, como respeito a si, aos adversários e às regras, determinação para seguir em frente, vontade de fazer o melhor e de sempre rever e estabelecer novos desafios, de perceber a vitória como uma conquista pelo trabalho e dedicação e encontrar na derrota os ensinamentos necessários antes de tentar outra vez. Estruturas, portanto, que exigem dos professores muito mais do que o conhecimento técnico, mas compromisso para formar vencedores, dentro e fora dos courts.
E eu cá continuo, anotando, observando e escrevendo e, agora, melhor das tarefas, participando dos desafios e das conquistas do meu filho.
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