
Le foot, c'est donner le pouvoir aux femmes, exclama Mejzgaan, uma jogadora paquistanesa de 21 anos. As viaturas estacionam lentamente diante do Jinnah Stadium de Islamabad. As portas abrem-se e deixam passar as jogadoras da equipe de Quetta. Não está ninguém para as acolher excepto Robina Irfan, a treinadora. Estas futebolistas acabam de atravessar uma das regiões mais perigosas do mundo : as zonas tribais paquistanesas. Depois de dez dias de voltas e voltas nas montanhas, refúgio dos talibans, tentam chegar à capital paquistanesa e participar no sexto Campeonato Nacional de futebol feminino.
Durante uma semana, são 12 equipas e mais de 200 jogadoras que se vão defrontar no decorrer deste torneio anual. No Paquistão, e nomeadamente em Quetta, bem como nas províncias recuadas, as mulheres saem muito pouco, e quando o fazem cobrem-se integralmente. O mesmo é dizer, que no terreno de jogo, as jogadoras não estão de calções e tee-shirt. O equipamento longo é obrigatório e o hidjab (véu que cobre os cabelos, as orelhas e o pescoço) é muito aconselhável, mesmo debaixo de temperaturas de mais de 40º.
À chegada, Robina Irfan passa em revista, tipo militar, às suas 18 jogadoras. É bom tê-las cá. Tenho sempre medo que falte alguma. É muito complicado convencer os pais, no sentido delas jogarem futebol. Quanto mais para as autorizar a afastarem-se tanto do seu local de nascimento, e virem a Islamabad, tenho que falar com eles um por um. Os meus amigos dizem-me que tenho de parar, porque correr não é uma coisa correcta para uma mulher.
Gosto de ter os pés assentes na terra e não entrar em euforias e comportamentos animais por causa de um jogo de futebol. Esses resultados que alteram o ser humano, que à segunda-feira não quer ir trabalhar ou estudar porque o seu clube perdeu. Professores que não leccionam de manhã à segunda, para não serem gozados. Outras pessoas, que mudam imediatamente de canal TV quando começam a dar imagens do seu clube que perdeu. E muitas coisas mais. Pessoas fracas que se refugiam no futebol. Pessoas que não sabem dar a cara.
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