Alguns sacrifícios feitos por atletas com a finalidade de atingirem os seus sonhos foi sempre uma coisa que me fascinou. Tenho um irmão que quis ser jogador de futebol quando era muito jovem. Chegou a ser titular de um clube importante, enquanto juvenil. Só tinha pé direito e o pé esquerdo era cego. O meu pai, obrigava-o a jogar com uma sapatilha no pé esquerdo e com o pé direito descalço. Carlos Lopes treinava todos os dias às seis da manhã com Moniz Pereira, muitas vezes debaixo de chuva intensa e muito frio, para depois às oito da manhã, entrar ao trabalho. Vanessa Fernandes, desde muito pequena, corria pela estrada fora da sua aldeia, magrita e exposta ao frio, e o seu pai segui-a numa velha motocicleta. Ronaldo, com 14 anos e que vivia com outro atleta numa pensão na avenida da Liberdade, ia para o parque Eduardo VII, à noite, treinar com uma bola, durante horas a fio.
Os exemplos são muitos, mas só me lembro destes, agora. Tudo isto vem ao caso, porque li um artigo sobre a tenista francesa, Aravane Rezai. Filha de pais que deixaram o Irão, Aravane nasceu em St. Etienne e começou a jogar ténis orientada pelo pai, Arsalan, um mecânico de automóveis e os primeiros treinos nos courts públicos que existem em França foram feitos à luz dum velho e pequeno carro às 11 horas da noite, e depois ainda ajudava nos trabalhos de casa. Ela não teve a mesma infância da maioria das pessoas. Foi duro para ela, que tem uma agressividade interior e sabe como colocá-la para fora. Esta é a sua força, confirma Mouratoglou, o seu actual técnico.
Conheço dois jogadores que não têm sapatilhas de ténis apropriadas, e pedem emprestadas a outros sobre qualquer pretexto, ou então usam as que têm que escorregam muito, principalmente na terra batida. Para mim, quando vou a um torneio e eles estão lá, vejo sempre os jogos deles e desejo muito que ganhem.
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