No último Estoril Open, o alemão Bjorn Phau treinou com um jovem português de 16 anos, um grande talento, que procura resultados para se impor, mas que devido às suas características especiais aparecerão um pouco mais tarde do que é normal. No final dirigiu-se ao senhor seu pai e ao treinador, que é um dos mais reputados do ténis nacional e elogiou o português. Fez apenas um pequeno reparo, que tinha a ver com o jogo de pés, que devia ser melhorado, porque de resto, tinha tudo para ser um jogador com largo futuro. Nos momentos em que vou assistir a alguns treinos, na perspectiva de conhecer melhor determinadas características dos jovens e actualizar-me com novos métodos de treinadores, reparo sempre em muita coisa de cada um, até sei enumerar os pequenos tiques e superstições dos tenistas. Como sou velho de idade, tento ser jovem o mais tarde possível para fazer a transição.
É através do treino que todos podem melhorar, dar sequência a qualidades naturais que estão à sua disposição e ao seu gosto e prazer em jogar. Portugal dispõe de uma quantidade enorme de jovens com muito valor, e muitos com qualidades excepcionais, que só o treino pode potencializar. Alguns não têm resultados imediatos devido a circunstâncias que têm a ver com o seu crescimento e desenvolvimento, porque este factor varia de atleta para atleta. Nessas rondas que faço pelos courts, para ver ténis, em vez de ficar em qualquer café, ou a coleccionar selos, ou a podar roseiras, detecto duas ou três coisas que gostava de referir agora.
Desde logo, o próprio treino em si. Quem treinar mais e melhor tem o futuro garantido. Treinar muito, com dedicação, humildade e esforço. Verifico muitas vezes que os treinos se resumem a brincadeiras e à galhofa, e depois de bem espremidos não há sumo. Meia-hora de treino intenso supera duas horas de brincadeira tenística. Depois, verifico que os treinos se resumem a muita gente dentro do court, a lançar bolas de lá para cá e de cá para lá. Quase não há treinos personalizados. Compreendo, que pagando todos e havendo direitos iguais, será difícil personalizar o treino. Mas é possível, uns praticarem serviços, outros treinarem jogo de pés, outros estudarem a sua posição em campo, outros fazerem exercícios que potenciem o "andamento" da bola, por exemplo. Em vez, de estarem todos ao molho a bater bolas de um lado ao outro. Portanto, mais treino e mais qualidade de treino.
Tenho a certeza de poucas coisas na vida. Mas tenho a certeza, absoluta que quem treinar mais e com qualidade avança mais também. Não tenham dúvidas disso.
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