Daniel Koellerer é uma figura única do circuito do ténis. Cabelo preso, camisas sem mangas deixando a sua tatuagem de "Nº1" sempre à mostra, o austríaco de 26 anos e actual Nº 96 mundial atrai a atenção por onde passa. Polémico dentro e fora dos courts, Koellerer é conhecido nos bastidores dos torneios que disputa por "Crazy Dani" (Dani maluco), ou por adjectivos menos nobres como "conflituoso" e "desvairado". Basta assistir a um set do austríaco para entender. Em apenas 30 minutos do seu encontro com Maximo González, na primeira ronda de um torneio no Brasil, levou uma advertência, falou com duas pessoas do público, discutiu quatro vezes com o árbitro e troçou do adversário pelo menos em seis ocasiões. Fora dos courts a confusão não diminuiu. Após a nervosa vitória - na qual o austríaco cumprimentou o derrotado com um aperto de mão e beijinhos trocistas - Koellerer encontrou-se com ele à entrada do hotel. Irritado com as provocações de Crazy Dani, durante o jogo, González pregou uma rasteira ao austríaco que respondeu com um empurrão.
Em Acapulco, o austríaco agrediu verbalmente o espanhol Nicolas Almagro e foi suspenso pelo juiz árbitro principal do torneio, ficando proibido de disputar torneios Challengers e ATPs. De regresso depois de cumprir a suspensão, causou novo tumulto no Challenger de Montevideo, discutiu com o público e insultou o treinador do adversário. Koellerer não é o Nº 1 mundial jogando ténis, mas é em polémica.
Koellerer jogou com Rui Machado em 2009 no US Open e venceu por 6/2, 6/4, 2/6 e 6/2. Machado foi provocado durante todo o encontro. No 3º set, Machado fez um gesto que o caracteriza ao ganhar um ponto, cerrou o punho e disse para si próprio "vamos!". Koellerer veio à rede e cerrando o punho disse "olha vamos" e sorriu. Uma pequena provocação. Machado falou algum tempo com o árbitro, sobre este facto, e regressou à linha de fundo.
Mas Daniel Koellerer é uma excepção.
Conheço alguns jovens portugueses que são irreverentes, curiosamente os mais talentosos. O tempo vai resolver esta situação. Nem sequer é um problema. Fora dos courts são pessoas muito correctas e até extremamente educados. Um deles é muito agressivo no court, é um dos nossos melhores jogadores e em breve irá despontar com sucesso, porque de facto é um diamante em bruto. Num encontro dos quartos de final, que ganhou em três sets teve um comportamento pouco aceitável. Observei e assisti na meia final os conselhos que lhe deram no sentido de ser ponderado e pensar antes de tomar atitudes precipitadas. Ele ouviu sempre com atenção e em silêncio. Na meia final apagou-se completamente, foi um jogador sem chama, ausente, inibido, mas muito bem comportado. Também eu aprendi nesse dia, que não se podem cortar as asas a quem quer voar.
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