Às vezes, infelizmente muitas, criamos imagens sobre jogadores de ténis que não correspondem à realidade. Essas impressões ficam gravadas na nossa mente porque não vemos os jogos, somente seguimos os resultados. Hoje, assisti à final masculina do Open de Oeiras que foi disputada entre Gonçalo Pereira e o jovem prodígio Frederico Silva de 15 anos. Gonçalo Pereira é o actual campeão nacional de ténis, tem 25 anos e é o Nº 1128 mundial. Começou a jogar muito novo e cedo se destacou entre os miúdos da sua idade. Como todos, ambicionava ser profissional e pediu ao seu pai para deixar de estudar para seguir a carreira profissional. O pai, disse que não e que ele deveria continuar a estudar. Como bom filho, obedeceu. Deixou o ténis e foi estudar. Licenciou-se em engenharia de construção naval e foi trabalhar para a Lisnave. O sonho do ténis tinha acabado. Mas O lá de cima quis que não fosse assim. Gonçalo Pereira conseguiu ter condições financeiras para voltar ao ténis. Tinham passado 4 anos e tinha que começar tudo de novo. E todos sabemos que estando parado tanto tempo é muito difícil voltar.
Esta semana vi-o jogar duas vezes. Fiquei muito impressionado. Tive alguns falhanços a avaliar as pessoas e este foi um deles. À partida estava muito condicionado porque ia jogar com um miúdo excepcional, um talento, um jogador que mesmo só vendo, altamente preparado para vir a ser um grande campeão no futuro. E no ténis a idade não conta muito, ou seja não tem o mesmo peso que em outras modalidades. Gonçalo Pereira ganhou. Não interessa muito aqui, explicar as jogadas, fazer a autópsia do jogo, como se diz na gíria. Ainda bem que mudei de opinião. Ainda bem, que mais uma vez, um amigo me abriu os olhos. No ténis, nunca devemos falar daquilo que não vemos. Gonçalo Pereira tem como objectivo baixar este ano para o Top 1000. Vai conseguir. Se puderem vê-lo jogar, não percam essa possibilidade. É uma lição para todos nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário