segunda-feira, 26 de abril de 2010

Bethanie Mattek-Sands, um assombro


Estive até às três da manhã a ver um jogo de ténis, mas valeu a pena. E estaria todo o tempo disponível para ver este ténis de alta qualidade e jogado por pessoas inteligentes. Actualmente desprezo os jogos de pontapé na bola, dizem-me pouco os jogadores mercenários e os árbitros estilo lampiónico. Penalty, expulsão, livre, livre. Se for preciso há mais. E os adeptos nas bancadas, gente fina, a gritar por mais penalties, cantos e livres. Faz mal à pele. Já comprei baba de garganhol. Mas, não serviu de nada. Aqueles, para quem o resultado conta mais que a legitimidade. Preferem o resultado, mais que qualquer outra coisa que devia ser dada na medida do seu talento. Mas, invadiram o meu espaço aéreo e contaminaram tudo.

Os EUA viram a Rússia assumir a liderança na Fed Cup, quando a tenista-modelo Elena Dementieva, que anda no court como na passarelle venceu a apática Melanie Oudin. Quando se pensava no pior, Bethanie venceu de forma ciclónica a russa Ekaterina Makarova. A decisão ficou então para o jogo de pares. Algo, como sempre, me disse, que devia ficar acordado para ver. Devo dizer que não gosto muito de jogos de pares. Acho até que deveria só haver pares mixtos. Isto de ver matulões a jogar pares e a dar palmadinhas nas mãos faz-me confusão. Voltando ao jogo. A Bethanie joga com meias brancas até ao joelho, tem uma agressividade e vontade de vencer notáveis que contagiam a parceira e estabelece uma empatia com o público que empolga. O público sempre de pé em silêncio e depois a explodir após cada ponto conquistado. Aquilo era simples. Após o serviço, as americanas colocavam-se na rede e concluíam fácil. Raras vezes as devoluções passavam. Quando as americanas aceitavam o jogo profundo na linha final, perdiam. Uma e outra vez. Então voltavam à rede. Mas na parte final estavam quatro jogadoras na rede, olhos nos olhos, com a bola a passar tão rápido e estonteante de forma impressionante. Um delírio. Quero lá saber que sejam três da manhã. Isto é lindo. Viva o ténis!

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