sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Mensagem ao ténis juvenil português


Desde que viajo com diferentes jogadores por Espanha, desde finais dos anos 90, vi grandes jogadores espanhóis, campeões do mundo da categoria juvenil, nºs 1 da Europa, campeões de grandes torneios juvenis : como os torneios Banana Bowl, Orange Bowl, ganhadores de "Les petit princes", campeões dos torneios do European Junior Tour, todos os participantes e membros das equipas espanholas de Winter e Summer Cup, campeões da Europa por Espanha que quando querem dar o passo para o ténis profissional têm grandes dificuldades ou deixam o ténis de competição quando chegam e descobrem a dureza que são os primeiros Futures em Espanha.

Como pude comprovar o ténis é complicadíssimo, podíamos citar 10 a 12 jogadores por escalão de idade que competem a nível nacional e internacional, somente no nosso país, com expectativas reais de poder chegar ao ténis profissional, mas para chegar ao grande público, só dois ou três vão conseguir, ou no máximo três ou quatro, e não devemos pensar que lá porque és campeão de Espanha, campeão da Europa ou campeão do mundo sub-16 vais poder viver do ténis, porque isto seria um erro. Quantos poderiam viver do ténis nessa lista? Muito poucos, infelizmente, e asseguro-vos que todos têm uma enorme qualidade e enorme dose de talento.

Se aos tenistas que podemos referir perguntássemos umas simples perguntas sobre os sacrifícios que fazem para estar onde estão, estas poderiam ser as suas respostas e perdoem se faço um exercício ousado da minha parte.

Quantas horas treinas por dia? De 3 a 6 horas. Quantas viagens fazes por ano? Infinidade, por Espanha, Europa e resto do mundo. Quantos dias da semana dedicas ao ténis? Todos ou quase todos. Quando começaste a sair para jogar fora de Espanha? Aos 12 ou 13 anos, há outros que antes. A que idade começaste a jogar ténis? Aos 6 ou 7 anos.

Valorizar todo este esforço, todos estes anos de sacrifício, tudo o que um desportista realiza para ver onde está o seu potencial é digno de ser valorizado, porque muitas vezes ouves os fans ou adeptos, jornalistas ou público em geral a dizer que só és bom se consegues ser o Nº 1.

Portanto, a todos os pais e treinadores que acreditam que este mundo é ganhar um torneio local ou provincial, ser campeão da sua região, e depois daí se passa ao ténis profissional, deviam conhecer a complexidade do ténis de Alta Competição, deviam conhecer todos os jogadores juvenis que deixam de estudar e apostam em ser tenistas investindo dinheiro, horas de treino, esforço e muita ilusão, convencidos que um dia serão como Rafael Nadal, David Ferrer, Carlos Moya ou Juan Carlos Ferrero.

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