segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O poder às mulheres


Le foot, c'est donner le pouvoir aux femmes, exclama Mejzgaan, uma jogadora paquistanesa de 21 anos. As viaturas estacionam lentamente diante do Jinnah Stadium de Islamabad. As portas abrem-se e deixam passar as jogadoras da equipe de Quetta. Não está ninguém para as acolher excepto Robina Irfan, a treinadora. Estas futebolistas acabam de atravessar uma das regiões mais perigosas do mundo : as zonas tribais paquistanesas. Depois de dez dias de voltas e voltas nas montanhas, refúgio dos talibans, tentam chegar à capital paquistanesa e participar no sexto Campeonato Nacional de futebol feminino.

Durante uma semana, são 12 equipas e mais de 200 jogadoras que se vão defrontar no decorrer deste torneio anual. No Paquistão, e nomeadamente em Quetta, bem como nas províncias recuadas, as mulheres saem muito pouco, e quando o fazem cobrem-se integralmente. O mesmo é dizer, que no terreno de jogo, as jogadoras não estão de calções e tee-shirt. O equipamento longo é obrigatório e o hidjab (véu que cobre os cabelos, as orelhas e o pescoço) é muito aconselhável, mesmo debaixo de temperaturas de mais de 40º.

À chegada, Robina Irfan passa em revista, tipo militar, às suas 18 jogadoras. É bom tê-las cá. Tenho sempre medo que falte alguma. É muito complicado convencer os pais, no sentido delas jogarem futebol. Quanto mais para as autorizar a afastarem-se tanto do seu local de nascimento, e virem a Islamabad, tenho que falar com eles um por um. Os meus amigos dizem-me que tenho de parar, porque correr não é uma coisa correcta para uma mulher.

Gosto de ter os pés assentes na terra e não entrar em euforias e comportamentos animais por causa de um jogo de futebol. Esses resultados que alteram o ser humano, que à segunda-feira não quer ir trabalhar ou estudar porque o seu clube perdeu. Professores que não leccionam de manhã à segunda, para não serem gozados. Outras pessoas, que mudam imediatamente de canal TV quando começam a dar imagens do seu clube que perdeu. E muitas coisas mais. Pessoas fracas que se refugiam no futebol. Pessoas que não sabem dar a cara.

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